domingo, 31 de maio de 2009

O QUE SERÁ? - CHICO BUARQUE

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O que eu aprendi com você?

Aprendi que faltava luz em meus olhos antes de te ver
Aprendi que é difícil enxergar a verdade
Aprendi a não acreditar no amor dos outros

Aprendi a não rir do amor dos outros
Aprendi a chorar sem lágrimas
Aprendi a arte da diplomacia ao tratar com você depois de ser pisada
Aprendi a olhar do espelho e só ver um objeto jogado fora
Aprendi que meus sonhos são tudo o que tenho e que as pessoas não valem tanto

Aprendi que não consigo encantar
Aprendi que ser trocada por alguém melhor dói
Aprendi que a beleza é mais importante do que eu esperava que fosse
Aprendi que os fins justificam os meios
Aprendi que ninguém se preocupa com ninguém
Aprendi que as pessoas nunca se compreendem
Aprendi que o coração também enlouquece

Aprendi a ter medo das pessoas
Aprendi a ter vergonha de existir
Aprendi que a vida é longa demais quando se ama
Aprendi que não existe perdão

Eu aprendi a te amar
Aprendi a te adorar
Aprendi o que era saudade
Senti a sua indiferença na minha alma
Só não aprendi a esquecê-la

Eu esqueci de aprender a esquecer
Dos teus olhos, dos teus gestos, do teu sorriso
Do teu carinho, das tuas palavras, do teu carisma
Do teu perfume
Eu não esqueci do som dos teus passos,
Das tuas mãos
Dos teus abraços

Aprendi que só se ama uma vez na vida
Alguém não pode ser castigado duas vezes dessa maneira
Seria cruel demais
Aprendi a me esconder na minha errante solidão
E a escrever para condensar minha tristeza

Aprendi que não se escolhe um amor
Simplesmente aprendi que não vou te esquecer
Resta-me, então, sofrer
Já que você não aprendeu a me amar.

domingo, 17 de maio de 2009

Sozinha

Como é difícil não ser compreendida. Ter que mostrar para as pessoas que você ama que está tudo bem, que você esqueceu, que não foi tão difícil. Como é difícil não chorar toda hora, não poder dizer a ninguém que a vida não faz mais sentido sem que lhe chamem de louca. Hoje é fácil não achar o céu tão grande, o mar tão infinito e as estrelas tão distantes, porque tão desmedida é a dimensão do que sinto que tudo tornou-se vulgar e pequeno. Hoje estou sozinha no trabalho, em casa, na faculdade, na rua; as pessoas que me cercam fazem parte do mundo mas me parece que não estão lá. Não posso contar com elas e não desejaria que alguém compreendesse meu sofrimento porque esse alguém morreria de tristeza. Disse certa vez que vivia em uma margem de certo rio e as outras pessoas que existiam na minha vida estavam distantes nas outras margens onde eu quase não conseguia ouví-las nem vê-las. Hoje estou no meio de um oceano, agarrada em um tronco, com uma parte de mim pedindo para morrer e com a outra parte resistindo em viver. Estou presa a vida pelos sonhos que tenho e distante dela pelo amor que sinto. Estou arquejando pelo caminho da razão, porque pelo caminho do coração eu já me perdi.

Lembras?

Lembras do meu nome?
Aquele nome que só você me chamava
Que os meus ouvidos doíam quando me chamava
O meu nome que era seu
Que continuará sendo seu

Lembras do meu rosto?
Aquele que sempre estava sorrindo para você
Aquele que nunca mostrou-se lânguido ou apavorado
Com aquele ar altivo que escondia as lágrimas do coração
Que você nunca soube o quando chorou em silêncio por você

Lembras do meu corpo?
Do corpo que ardia por você
Que você usou e recusou e matou

Lembras que me achavas linda?
Lembras que partiu meu coração?
Sequer lembras que existi

Eu lembro de você em cada passo que dou
Em cada palavra que digo
Em cada pessoa que olho

E a cada batida do meu coração
Eu lembro que fui enganada
Eu lembro que fui humilhada
Eu lembro que não fui desejada
Eu lembro que não fui amada

Mas o que dói
O que mais corrói
O que mais destrói
É saber que não sou lembrada.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

....

Que tristeza absoluta meu Deus!

domingo, 10 de maio de 2009

Amor?

Até quando vou amar você? Até quando vou chorar desse jeito? Até quando vou tentar explicar o que sinto para os outros? Ninguém entende o que sinto. É uma mistura de dor, de desespero, de angústia, de sofrimento, de perda, de medo. Não adianta falar para as pessoas que você era o ser perfeito para mim. Elas sempre dirão que você não me merecia, que eu sou muito para você. Elas fazem o papel de amigas direitinho, e é por isso que eu as amo perpetuadamente e desmensuradamente. Mas elas não me compreendem, dizem que o que sinto não é amor. Mas o que eu sinto então? Será que essa dor que me corrói, essa vontade de chorar, essa falta de esperança que se alastrou no meu coração não é amor? O que será então? Será que a culpa foi minha mesmo como elas dizem? Mas, que culpa eu tenho de ter te amado? Eu deixei que me usasse porque eu te amo. É tão difícil de entender? EU TE AMO; e estou morrendo por causa disso. Eu estou definhando porque sei que por mais que eu tente nunca serei boa o bastante para você. Você nunca ficará com uma pessoa como eu. Eu não sou e nunca serei digna de você. Essa impossibilidade de ter você hoje e sempre é terrível e me apunhada todos os dias ferozmente. O jeito é caminhar com o peso da sua indiferença nas minha costas. O único caminho é rastejar na vida com a sua lembrança. A única saída é arquejar nos bosques no esquecimento e continuar morrendo a viver sem você.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Apenas um nada

Eu me contentaria com seus restos, mas nem isso você me ofereceu. Eu serviria você a minha vida inteira, mesmo sabendo que você nunca poderia me amar. Eu ficaria com você mesmo sabendo que nunca seria a única. Eu amaria você de todas as maneiras possíveis, mas você não deixou. Você apenas me usou. Eu deixei que me usasse. Eu disse "sim". Mas, que culpa eu tenho se eu amei você desde o primeiro dia que te vi? Que culpa eu tenho de não ser o bastante para você? Talvez você tenha feito apenas um favor para mim. Eu sabia que você nunca seria meu, mas eu não queria você, eu queria apenas os seus restos. Eu queria aquilo que não se dá a ninguém, eu queria aquilo que você joga fora, eu queria os seus defeitos, eu os engoliria. Eu só queria abraçar você e afogar minha vida nisso. Eu queria tão pouco. Tão pouco. Acreditar nas pessoas é esperar algo delas. Eu jamais acreditei que você gostasse de mim. Mas eu achei que fosse caridoso. Mas sua solidariedade em sair comigo foi a única coisa que pôde fazer, sei que não tinha como você fazer mais. Afinal, não mereço tanto. Talvez, o resto do resto que você me deu fosse exatamente o que eu merecia, para me mostrar que não sou nada de nada, nada para todos e ainda um nada para você; um nada que ama você, um ninguém que alguém não amou; um nada sem amor, é isso que sou.